O Digital Detox Nocturno consiste em criar um hábito diário para recuperar melhor o repouso que o nosso cérebro precisa durante o sono. Nessa altura partilhei uma folha que estou a usar para ajudar a criar hábitos.

Gostava de aproveitar este artigo para a explicar.

Antes de mais, muito do que está na folha é baseado na minha experiência com o Full Focus Planner desenvolvido por Michael Hyatt. Nesse sentido, depois de escrever o hábito que queremos criar existem quatro elementos práticos.

  1. A data de início da criação do hábito (ex. 30/nov/2018).
  2. A frequência do hábito (ex. diário, semanal, mensal…).
  3. Quando é que, durante o dia, realizo o hábito (ex. manhã, tarde, final da tarde,…).
  4. E durante quandos dias/semanas/etc. queremos realizar o hábito para assegurar que passa a fazer parte da nossa vida. Neste caso, em muitas fontes vi recomendado um mínimo de 30 dias, mas aconselha-se entre 60 a 70 dias. A folha está preparada para 120 dias.

Depois segue-se o Domínio.

Domínios da nossa vida

Os hábitos que queremos criar servem para melhorar algum domínio da nossa vida. Pela minha experiência no âmbito que alguns trabalhos que desenvolvi em tempos num projecto de ética ambiental, existem, sinteticamente, sete domínios. Como o arco-íris tem sete cores, cada domínio fica associado a uma cor.

Vermelho – Essencialismo

O vermelho tem a ver com aquilo que na nossa vida é essencial. Muitas vezes a nossa vida é como uma mesa cheia de papéis e livros, de tal modo desarrumada que temos dificuldade em encontrar espaço para algo de novo ou para encontrar algo que não sabemos bem onde está. Assim, este domínio incide sobre a simplicidade inerente a muito hábitos através dos quais conseguimos mais com menos.

Amarelo – Criatividade

O amarelo tem a ver com o aspecto criativo da nossa vida. Porém, não do ponto de vista daquilo que fazemos, mas antes de um ponto de vista da dimensão espiritual daquilo que fazemos. Uma ligação que não é necessariamente de cariz religioso, embora possa ser para alguns. Refiro-me à ligação que faz Julie Cameron no seu livro The Artist’s Way. Diz ela que ”o coração da criatividade é uma experiência de união mística; o coração de uma união mística é uma experiência de criatividade.” Um hábito como as páginas matinais exemplifica esta dimensão da nossa vida.

Laranja – Relacionamentos

O laranja refere-se aos relacionamentos. A nossa vida encontra muito do seu sentido e significado nos relacionamentos que estabelecemos com os outros. Se não temos hábitos que gerem e estimulem os relacionamentos, há sempre a oportunidade de os criar. Podem ser hábitos que queremos construir, ou maus hábitos que queremos quebrar. Por exemplo, se existe uma actividade que consome muito do nosso tempo e nos impede de estar com aqueles que mais gostamos, como estar a trabalhar sempre no computador, podemos criar o hábito de limitar esse tempo até uma certa hora.

Verde – Saúde e Ambiente

O verde liga-se à nossa saúde mental e física. Essa não depende apenas do cuidar do nosso corpo com repouso e exercício, mas também da mente com hábitos que estimulem o nosso pensamento e quociente de aprendizagem. Depois, o verde está também ligado ao nosso relacionamento com o meio ambiente. De acordo com a teoria da restauração da atenção, um maior contacto com o meio ambiente influi sobre o nosso funcionamento cognitivo. Com uma caminhada de 30 minutos por dia num ambiente natural temos um bom exemplo deste domínio.

Azul – Harmonia

O azul exprime a harmonia dentro de nós, com os outros e aquilo que nos rodeia em termos de tempo e atenção. O tempo é um dos aspectos da nossa vida mais valioso, mas, gradualmente, também a nossa atenção. Muito daquilo que a criação de um hábito exige depende da nossa capacidade de prestar atenção e gerir bem o nosso tempo.

Anil – Conhecimento

O anil relaciona-se com a dimensão do conhecimento que faz parte intrínseca de qualquer hábito que melhore o nosso desempenho em qualquer aprendizagem. Para muitos, o hábito de leitura seria um exemplo de algo que se enquadra neste domínio.

Violeta – Conectividade

O violeta exprime o facto de tudo no mundo estar relacionado com tudo. Se assim não fosse, como se explica a velocidade cultural com que a internet se desenvolveu? Sem dúvida que uma conectividade saudável é um dos domínios da nossa vida a considerar na criação de hábitos.

Motivações, passos e recompensa

O mais importante na criação de qualquer hábito é ter bem presente a razão pela qual queremos criar esse hábito. Como diz Gail Hyatt, as pessoas perdem o norte quando perdem o porquê. Assim, na folha de criação do hábito, a ideia é escrever três motivos pelos quais queremos criar o hábito e ordená-los nos quadrados ao lado por ordem de importância (1, 2, 3).

Depois, vale a pena reflectir um pouco sobre os passos que prevemos serem necessários dar para estimular a criação desse hábitos. Ou seja, qual, ou quais, a(s) deixa(s) que nos ajudarão a lembrar e realizar o hábito.

Por fim, não há hábito que valha a pena criar se não houver uma recompensa ao fim do número de dias que estipulámos para a criação do mesmo. É fundamental definir bem a nossa recompensa como “prémio” pela criação de um novo hábito e com esse, a abertura da nossa vida a um novo sentido de realização pessoal em direcção à concretização daquilo que mais sonhamos.