Muitos pensam que as pessoas produtivas são as que conseguem fazer inúmeras tarefas ao mesmo tempo. É o que se chama de multitasking, que traduzindo seria multi-tarefa. Porém, essa forma de trabalhar é exactamente o contrário de como o nosso cérebro funciona e pode prejudicar seriamente a nossa produtividade.

Uma das coisas que mais me orgulhava era a capacidade de ser uma pessoa multitasking. Eu achava que conseguia ler um livro, escrever um texto e ver uma série ao mesmo tempo. Curiosamente – sabe-se lá porquê – além de orgulhoso, sentia-me também estoirado e a qualidade daquilo que fazia começou a declinar.

Depois de aprofundar estas questões da produtividade dei-me conta de que a capacidade de realizar muitas tarefas em simultâneo é um mito. A investigação científica nesta área mostra que não realizamos tarefas em simultâneo, mas trocamos de tarefas (task-switching) com maior frequência.

É importante aprendermos o quanto antes a saber por que razão se deve evitar o multitasking, mas também a encontrar soluções produtivas quando o trabalho exige que a nossa atenção possua vários focos em simultâneo.

Preço pago pelo multitasking

A investigação mostra que o custo principal de trocar de tarefas com muita frequência é o tempo. Ficamos mais lentos. Isso deve-se ao facto do nosso cérebro possui duas fases no “controlo executivo” de cada processo de troca de tarefa: 1) “mudança de objectivo”; 2) e “regra de activação”. Todos passamos por estas duas fases. O problema surge quando o tempo para as realizar é menor do que o tempo que nos disponibilizam, afectando a nossa produtividade.

Além do custo em termos de tempo, os erros cometidos são também superiores. É fácil compreender se pensares num computador. Imagina que, de cada vez que usas um programa, ligas o computador, fazes o que tens a fazer, e depois desligas o computador, para ligares poucos minutos depois para trabalhar noutro programa. O resultado é que o computador, fisicamente e em termos de software, possui um desgaste muito superior ao normal.

Por fim, em qualquer processo de aprendizagem, reter informação na memória de longo-prazo exige atenção e tempo. Logo, ao estares sempre a mudar de tarefa, diminuis a possibilidade de que a informação se consolide na tua memória de longo-prazo e o resultado é não aprenderes como gostarias e seria suposto.

Como superar o mito e ser mais produtivo

Há algum tempo que John Medina tem proposto a regra dos 10 minutos como o tempo máximo a partir do qual a nossa capacidade de concentração começa a diminuir. E estudos posteriores têm confirmado esta hipótese informal, fruto de uma experiência dele em sala de aula. Assim, a forma de superar o preço pago pelo multitasking é:

  • Fazer uma tarefa de cada vez
  • Dividir grandes tarefas em sub-tarefas mais pequenas
  • usar a regra dos 10 minutos em cada tarefa, seguido de um intervalo de 2 minutos
  • planear mais e improvisar menos

Experimenta!

Questão: qual a maior dificuldade que sentes quando mudas de tarefas com muita frequência?