Leonardo da Vinci é a personificação da curiosidade e criatividade humanas no sentido mais puro do termo.

Após ter terminado de ler a sua biografia escrita por Walter Isaacson (que recomendo, spoiler: 563 páginas), não resisto em partilhar o que, segundo Isaacson, podemos aprender com Leonardo.

  • Sê curioso, incansavelmente curioso.
  • Procura o conhecimento pelo conhecimento em si. Nem tudo o que procuramos conhecer é útil, mas tudo é puro deleite para a mente curiosa.

  • Retém a capacidade de deslumbramento infantil.

  • Observa.

  • Começa pelo pormenores.

  • Vê coisas ocultas.

  • Não fujas do que parece impossível.

  • Distrai-te. Pois o vaguear da mente leva a conexões que nos enriquecem intelectualmente.

  • Respeita os factos. Mudar o pensar com novas informações é um acto de maturidade intelectual.

  • Procrastina. Mas que seja à la Leonardo, isto é, a procrastinação que exige trabalho, recolhendo todos os factos e ideias concebíveis, para quem entrem em ebulição com o calor da imaginação humana.

  • O perfeito é inimigo do bom. Daí que Leonardo deixasse muitas obras inacabadas. Por vezes será assim se quisermos seguir em frente no caminho da aprendizagem.

  • Pensa visualmente. Depois de ler a sua história fiquei a entender a importância de investir tempo a aprender a desenhar. Onde os números não chegam, a mão que bem desenha pode levar-nos a expressar o invisível aos olhos dos outros.

  • Sê transdisciplinar. Passando pelas mais variadas disciplinas, mas indo para além delas, como só uma mente curiosa pode fazer. Será na interrelação das várias disciplinas que nasce a criatividade que faz da arte uma ciência e da ciência uma arte.

  • Que teu alcance exceda a tua compreensão. Não há nada como aprender a razão pela qual há problemas que nunca iremos resolver. Quem procura fazer um pouco mais do que aquilo que sabe, acaba por aprender mais rapidamente.

  • Entrega-te à fantasia. Pois, vivemos na Era da Imaginação.

  • Cria para ti, não só para quem te paga.

  • Colabora.

  • Faz listas. Mas que sejam as sementes da curiosidade pura como Leonardo ao escrever «descrever a língua do pica-pau.»

  • Toma notas, em papel. Saliento este aspecto. Pois, como diz Isaacson,

«volvidos quinhentos anos, os cadernos de Leonardo da Vinci estão aí para nos espantar e inspirar. Daqui a cinquenta anos, se tivermos a iniciativa de começar as escrevê-los, os nossos próprios cadernos estarão aí para espantar e inspirar os nossos netos, ao contrário dos tweets e das publicações no Facebook.»

Este aspecto parece-me mais relevante hoje do que nunca. A era digital leva-nos a pensar que, escrever algo em papel é uma coisa do passado. Só o digital interessa, sobretudo aos mais jovens. Não posso estar mais em desacordo e os cadernos de Leonardo da Vinci são prova disso.

Não precisamos de ser outros Leonardos, mas apenas os antepassados que as gerações futuras podem conhecer pelo que escrevemos com a nossa própria mão. Podemos achar que não tem valor para nós, mas terá um valor imenso para eles porque será raro. E o que é raro torna-se valioso. Por fim,

  • Permanece aberto ao mistério. A vida não é feita de contornos vincados, mas sfumatos como pintava Leonardo.

Espero ter aberto o apetite para a leitura de uma obra que, seguramente, aguçará a tua mente.

Bibliografia

Walter Isaacson, Lernardo da Vinci – o génio mais criativo do mundo, Porto Editora, 2017: Wook, Bertrand, Fnac