Há muitas pessoas que se vão abaixo e desistem quando estão num processo de aprendizagem porque não estão a conseguir atingir os seus objectivos. Ou, simplesmente, estão fartas de “tocar as cordas” e não sai nenhum som de jeito. E vi alunos meus desanimados e em baixo porque a nota que tiveram não foi a que esperavam e, por isso, depois de uma primeira frequência, já não vão à segunda.

atitude mental

Por outro lado, há quem persista apesar das dificuldades que sente em aprender, ou que interprete uma nota menos boa (ou mesmo má) como uma oportunidade ou sinal de alerta de que tem de se esforçar mais para melhorar.

Recentemente li um livro da psicóloga Carol Dweck, “Mindset” que explica estas diferenças com duas atitudes mentais: a “fixa” e a “progressiva.” O que achei mais interessante é como essas atitudes influenciam-nos ao longo da nossa vida. E que nunca é tarde para mudar de atitude mental. Só os teimosos é que não mudam, mas isso nada tem a ver com a capacidade de mudar, mas – precisamente – com a atitude mental que escolhem.

 

A atitude mental “fixa”

Aquele que tem uma ”atitude mental fixa gera a urgência de estarmos sempre a pôr-nos à prova. (…) Todas as situações exigem uma confirmação da sua inteligência, personalidade ou carácter.”

Se sentes a tua inteligência posta à prova com as vezes que falhas. Se te sentes perfeito e por isso não arriscas porque tens medo de sair do pedestal. Se sentes que a tua família e professores esperam muito de ti e tens de lhes provar do que és capaz. Tens uma atitude mental fixa. É um voltar-se para si mesmo. Seria importante reflectires sobre a tua vida e mudar. Não é bom sinal sentir-se o centro do mundo para o bem, como para o mal.

 

A atitude mental “progressiva”

”A atitude mental progressiva baseia-se na crença de que as nossas qualidade básicas são algo que podemos cultivar através do nosso esforço. (…) qualquer um pode mudar e crescer através do seu esforço e experiência.”

Esta é a atitude daquele que não desiste quando falha, mas persiste até conseguir. E quando consegue, pensa que pode sempre fazer mais e melhor. Não porque seja arrogante e não reconhece aquilo de que é capaz, mas antes porque vive a experiência de que o esforço para conseguir alguma coisa na vida é contínuo, árduo e entusiasmante.

 

Razões para mudar de atitude

Carol Dweck diz que ”o facto de acreditarmos que as qualidade que nos são queridas podem ser desenvolvidas gera uma paixão pela aprendizagem.” Está tudo aqui. É este o propósito de desenvolver uma atitude mental progressiva.

Saber aprender a aprender para saborear o gozo de aprender.

Ainda Dweck, ”a paixão por irmos mais longe e mantermo-nos nesta trajectória, mesmo quando (ou sobretudo) as coisas não estão a correr bem, é a imagem de marca da atitude mental progressiva. Esta é a atitude mental que permite às pessoas evoluir durante alguns dos períodos mais desafiadores das suas vidas.”

E com isso, adquirem a competência de manter-se em evolução, de melhorar sempre e gostar cada vez mais de aprender. Com uma atitude mental progressiva tornamo-nos verdadeiros apreendedores e isso faz a diferença na nossa vida pessoal, relacional e profissional.

Não vale a pena esperar muito para mudar de atitude em relação a ti e aos outros. Vale mais o esforço que a pessoa. Vale mais o progresso do que o sucesso. Experimenta.

Leitura que recomendo a todos

Carol Dweck, “Mindset – A Atitude Mental para o Sucesso”, vogais, 2018 (2ª Edição).


Adenda a 12 de dezembro de 2019

A People Managing People escreveu-me a reportar um artigo escrito na sequência da supressão do site dedicado ao livro de Carol Dweck, tecendo algumas críticas à absolutização das duas atitudes mentais como chave principal que garante o sucesso. Uma perspectiva crítica, mas equilibrada que nos ajuda a desenvolver, ainda que em aparente contra-senso, a desenvolver uma atitude mental progressiva. LINK